Uma reflexão sobre como parar de adaptar ferramentas antigas e começar a pensar em soluções verdadeiramente revolucionárias
Artigo inspirado no ensaio “AI Horseless Carriages” de Pete Koomen (koomen.dev) e na reflexão sobre inovação versus adaptação na área jurídica.
Nesse mundo moderno de inteligência artificial, você já parou para pensar se a gente está realmente inovando ou se estamos tentando colocar um motor numa carroça?
Quando eu estava pensando em uma solução diferenciada para um problema antigo, um artigo fascinante de Pete Koomen sobre “Horseless Carriages” (Carroças Sem Cavalo) que cristalizou uma inquietação que vinha sentindo sobre como aplicamos IA no direito. A imagem que ele compartilhou foi reveladora: uma carroça a vapor de 1803 que eu imprimi e deixei na minha mesa até conseguir pensar em algo realmente diferente.
Quando surgiram os primeiros motores, a reação natural foi simples: tirar o cavalo e colocar um motor. Parecia lógico, eficiente, inovador. Mas essas “carroças sem cavalo” eram desajeitadas, desconfortáveis e no fim, a inovação “não pegou”.
A verdadeira revolução aconteceu apenas quando alguém teve a coragem de repensar todo o conceito de transporte:
A inovação real não veio de adaptar o antigo, mas de reimaginar completamente a solução.
Pete demonstra isso brilhantemente analisando como muitos apps de IA atuais falham. Eles pegam interfaces antigas e simplesmente adicionam “recursos de IA” como complementos desajeitados, sem repensar a experiência fundamental.
O problema não é a capacidade da IA - os modelos atuais são extraordinariamente capazes. O problema é que a maioria dos apps são carroças sem cavalo: pegaram fluxos de trabalho tradicionais e enfiaram IA como um band-aid tecnológico.
A genialidade do artigo de Pete está em mostrar que quando você pode ensinar a IA a trabalhar como VOCÊ trabalha, tudo muda. Em vez de usar um “assistente genérico”, você cria um “você digital” que conhece seu estilo, suas preferências, seu contexto.
Ele demonstra isso com System Prompts personalizáveis - instruções fundamentais que definem como a IA deve se comportar. A diferença entre usar instruções genéricas versus instruções personalizadas é absolutamente dramática.
O resultado? IA que funciona PARA você, não CONTRA você.
Essa reflexão me incomodou profundamente porque reconheci o padrão no direito. Estamos fazendo exatamente isso: pegando nossos fluxos antigos e adicionando IA como um band-aid tecnológico.
Onde está a fluidez? Onde está a verdadeira integração?
Será que não estamos simplesmente adaptando nossos problemas antigos com uma roupagem diferente em vez de criar uma nova forma de trabalhar, de ter ideias, de fazer tudo de forma mais inteligente?
Em vez de “adicionar IA aos documentos jurídicos”, que tal reimaginar completamente como documentos jurídicos são criados?
1. Context Awareness Total
2. System Prompts Jurídicos Personalizados Imagine ensinar a IA a trabalhar exatamente como você:
Você trabalha como eu - direto, didático, sem juridiquês desnecessário.
Em contratos, prioriza clareza e proteção da parte mais vulnerável.
Sempre explica pontos complexos em linguagem acessível.
Inclui justificativas baseadas na minha experiência de 15 anos.
3. Fluxo Integrado Completo
4. Aprendizado Contínuo
Eficiência Exponencial: Não precisa re-explicar seu estilo a cada documento Qualidade Superior: Documentos que realmente soam como seu trabalho Escalabilidade: Uma vez configurado, funciona infinitamente Colaboração: Múltiplos profissionais, estilos preservados
Pete argumenta que o futuro não está em IA que gera conteúdo do zero, mas em IA que processa e transforma informação existente de forma inteligente.
No contexto jurídico, isso significa agentes que:
A revolução não vem de usar IA ocasionalmente, mas de criar advogados aumentados que trabalham simbioticamente com inteligência artificial.
System Prompts genéricos criam documentos genéricos. A magia acontece quando a IA aprende seu jeito de trabalhar.
Apps que “adicionam IA” aos fluxos existentes são carroças sem cavalo. O futuro pertence a soluções repensadas do zero.
Como Pete defende, você deve poder ensinar a IA, não apenas aceitar o que programadores decidiram que ela deveria fazer.
Pete Koomen estava absolutamente certo: “Most AI apps should be agent builders, not agents.”
No contexto jurídico, isso significa que as soluções vencedoras não serão “apps de IA para advogados”, mas plataformas para construir advogados aumentados por IA.
A verdadeira inovação não vem de:
A verdadeira inovação vem de:
Não precisamos de mais carroças sem cavalo no mundo jurídico. Precisamos de automóveis - soluções completamente novas, pensadas desde o início para aproveitar todo o potencial da inteligência artificial.
O importante é que você tenha esse pensamento também. Absorva isso para sua vida e para as soluções que pretende criar ou escolher.
Pense não mais como uma ferramenta, mas como uma reestruturação completa de como o trabalho jurídico pode ser feito.
A pergunta não é mais “como adicionar IA ao meu trabalho?”, mas “como repensar meu trabalho para a era da IA?”
Bruno Pellizzetti é advogado previdenciário com mais de 15 anos de experiência e pesquisador de aplicações de IA no direito. Acredita que a tecnologia deve amplificar a expertise humana, não substituí-la ou complicá-la.
Este artigo explora como conceitos revolucionários de design de IA podem transformar a prática jurídica, inspirado nas reflexões de Pete Koomen sobre “Horseless Carriages” e na necessidade urgente de repensar como aplicamos tecnologia no direito.