
Nos últimos anos, vimos uma transformação significativa nas maneiras como utilizamos a inteligência artificial (IA) e, em particular, os modelos de linguagem (LLMs). Laurence Tratt, em um artigo no seu blog, introduz o conceito de “LLM Inflation”, que descreve um fenômeno curioso no uso dessas ferramentas.
A expressão “LLM Inflation” se refere ao processo em que informações curtas e diretas são transformadas em conteúdos longos e complexos, e vice-versa. Tratt apresenta um exemplo prático em que Bob, um funcionário que precisa justificar a troca de seu computador, utiliza um LLM para elaborar um e-mail justificativo que não só se torna mais extenso, mas também mais complicado. O gerente de Bob, ao receber a mensagem densa, recorre a outro LLM para resumir o conteúdo, ilustrando a “cyclical nature” desse padrão.
Parece que é um ZIP / UNZIP da nossa própria linguagem. Para evitar isso eu já falei sobre a importância do contexto ao pedir qualquer coisa para a IA, para que a informação gerada não fique totalmente fora de contexto.
Esse fenômeno não é apenas uma questão de estilo de escrita, mas aponta para uma reflexão mais ampla sobre a eficácia da comunicação contemporânea. A facilidade de transformar ideias simples em prosa elaborada pode acabar ofuscando a clareza e a objetividade. Como Tratt observa, essa prática pode recompensar a obscuridade e a perda de tempo, permitindo que uma falta de clareza se esconda por trás de um texto sofisticado.
A questão que surge é: por que utilizamos essas capacidades de “inflacionar” conteúdos? É essencial que, como usuários de LLMs, consideremos a necessidade de uma comunicação clara e concisa, especialmente em ambientes profissionais.
Embora os LLMs sejam ferramentas poderosas que podem facilitar nossos trabalhos e otimizar a produtividade, é crucial usá-las com discernimento. A conversão de mensagens simples em longas explicações pode parecer uma solução fácil, mas frequentemente acaba afastando a essência do que realmente desejamos transmitir.
O conceito de “LLM Inflation” nos oferece uma lente para examinar como estamos nos comunicando e nos lembra da importância da clareza em nossas interações diárias.
Bruno Pellizzetti, CEO da ProcStduio e ProcStudio IA, é um advogado previdenciário com mais de 15 anos de experiência no mundo jurídico e, nos últimos anos, tem se especializado em tecnologia e inteligência artificial. Ele é responsável pela implantação de soluções tecnológicas em processos jurídicos nas empresas, com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento jurídico para todos e aumentar a eficiência e precisão das equipes jurídicas.
Fonte: Material embasado